Saiba mais sobre o novo surto de MPX que está se espalhando pelo mundo todo. Nosso artigo apresenta informações sobre o agente causador, a epidemiologia, a transmissão, os tratamentos disponíveis e como podemos nos proteger. Dê uma conferida!
Texto elaborado por Enrico Lima e Vivian Avelino-Silva em 24 de julho de 2022
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
Desde março de 2022, vêm sendo veiculadas notícias sobre a disseminação do vírus causador da Monkeypox (MPX) pelo mundo todo. Até 21 de julho de 2022 foram notificados mais de 16 mil casos da doença, sendo 607 no Brasil (atualmente, o sétimo com maior número de pacientes). A grande maioria dos casos foi relatado no Sudeste do país, sendo São Paulo o Estado com maiores números. Durante esse surto mais recente desde o início de 2022, a doença vem acometendo mais frequentemente homens de 30 a 34 anos. Entretanto, é importante lembrar que qualquer pessoa está suscetível a essa infecção.
A Organização Mundial da Saúde declarou em 23 de julho de 2022 que a MPX atingiu a condição de emergência em saúde global. Esse alerta indica que já houve aumento no número de casos em vários países, e são necessárias medidas coordenadas de controle da doença a fim de evitar um surto ainda maior.
O QUE CAUSA A MPX?
A MPX é causada por um tipo de vírus da varíola e, apesar de ser também conhecida como “varíola do macaco”, os macacos não são responsáveis pela transmissão para humanos; muito pelo contrário, o atual surto registrou somente transmissões de humano para humano.
COMO UMA PESSOA PODE PEGAR A MPX?
A contaminação pode ocorrer por contato direto (de pele a pele) com feridas ou fluidos corporais infectados; por contato indireto através de tecidos, superfícies ou objetos contaminados; da gestante para o bebê; ou ainda por gotículas respiratórias de pacientes portadores do vírus.
Vale ressaltar, para esse tipo de transmissão, que é necessário um contato muito próximo com a pessoa que está doente. O vírus causador da MPX tem transmissibilidade por gotículas respiratórias bem menor que o vírus causador da COVID-19; portanto, o risco é muito maior para profissionais da saúde, familiares e para outras pessoas que mantenham contato muito próximo com o paciente.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
Após a contaminação, a pessoa somente apresentará sintomas após um a média de 6 a 13 dias (podendo variar entre 5 a 21 dias). Os principais sintomas nos primeiros dias de infecção são febre, dores musculares, dor de cabeça, cansaço, dor nas costas e ínguas. Junto a esses sintomas mais gerais, aparecem também feridas na pele características da doença. Essas lesões são manchas ou “bolinhas” vermelhas que se espalham para o resto do corpo. Essas manchas podem surgir na região genital, rosto, tronco e membros, incluindo mãos e pés, e podem ser dolorosas. Após alguns dias, essas feridas começam a virar pequenas bolhas com pus, que mais tarde se transformam em crostas (casquinhas). Em duas a quatro semanas, as lesões cicatrizam e a pessoa deixa de transmitir o vírus.
Casos mais graves da doença são raros, e incluem sintomas como inflamação do cérebro, infecções das lesões de pele por bactérias, desidratação e pneumonia. Muito pacientes ficam pequenas cicatrizes nos locais das lesões mais profundas.
EXISTE TRATAMENTO E VACINA?
Não existe ainda tratamento específico para a MPX. O cuidado, normalmente, é feito com remédios para amenizar os sintomas. Ainda não existe uma vacina específica contra a MPX, mas a vacina que antigamente era usada contra a varíola pode oferecer proteção parcial contra essa doença.
COMO PODEMOS NOS PROTEGER?
Se você é um profissional de saúde, use equipamento de proteção individual sempre que tivercontato com casos suspeitos ou confirmados de MPX. Caso exista contato com secreções de pele, use precauções de contato, incluindo uso de luvas e aventais descartáveis; caso tenha contato com secreções respiratórias, não se esqueça da proteção ocular e do uso de máscaras.
Se você tem sintomas suspeitos de MPX, procure rapidamente atendimento em um centro de saúde de sua referência, sempre utilizando máscara cirúrgica bem ajustadas ao rosto, ou máscara do tipo N95 ou PFF2.
Se você vai ter contato próximo com várias pessoas (por exemplo, em uma festa), procure saber se todos estão com boa saúde. A COVID-19 nos ensinou que é fundamental evitar o contato com outras pessoas quando temos sintomas suspeitos de uma doença transmissível, não é mesmo? Vamos usar esse conhecimento novamente para reduzir a disseminação da MPX.
O momento do contato íntimo, por exemplo, durante uma relação sexual, oferece risco alto de transmissão do vírus causador da MPX. Antes da hora H, procure saber se a sua parceria tem algum sintoma ou se teve contato com algum caso suspeito ou confirmado da MPX. Muitos dos pacientes com MPX identificados recentemente no Brasil e em outros países são homens gays e bissexuais. Isso sinaliza maior vulnerabilidade dessa população, pelo menos nesse momento epidemiológico. Porém, como já ressaltamos, qualquer pessoa pode ter a MPX.
Procure se informar e ajude a sua comunidade e acessar informações de qualidade. O preconceito contra pessoas mais vulneráveis a essa ou qualquer outra doença só piora a sua disseminação.
REFERÊNCIAS
- https://www.who.int/news/item/23-07-2022-second-meeting-of-the-international-health-regulations-(2005)-(ihr)-emergency-committee-regarding-the-multi-country-outbreak-of-monkeypox.
Acesso em 24/07/2022. - Alerta epidemiológico – Número 8/2022 – 22/07/2022 (Monkeypox – MPX) do Governo do Estado de São Paulo. Acesso em 23/07/2022. Disponível em https://saude.sp.gov.br/wp-content/uploads/2022/07/Alerta-Epidemiolo%CC%81gico-MONKEYPOX-MPX.pdf