Você sabe como se organiza o atendimento do sistema público de saúde brasileiro? Muita gente não sabe, mas oSistema Único de Saúde (SUS) classifica o cuidado de pacientes em três diferentes níveis de atenção: primária, secundária e terciária. Isso não quer dizer que alguns pacientes são mais importantes que outros, como o pode parecer, mas sim que o tipo de cuidado que cada pessoa precisa pode ser diferente em termos da sua complexidade. Isso ocorre porque diferentes problemas de saúde demandam diferentes tipos de cuidado, incluindo diferentes profissionais, estrutura do serviço de saúde e insumos. Por exemplo, uma criança pequena que precisa passar em uma consulta para avaliar seu peso, altura e desenvolvimento, pode ser atendida em um consultório simples, com uso de poucos aparelhos, e não precisa de um profissional de saúde com especialização; já uma criança com um problema neurológico grave pode precisar de um serviço com especialistas, aparelhos de ressonância magnética e até um centro cirúrgico sofisticado.
Assim, quando se divide o SUS nesses três níveis, conseguimos direcionar o atendimento dos pacientes de forma ordenada, sem que haja desperdício de tempo e dinheiro. Aatenção terciária é o nível de atendimento de maior complexidade, que inclui recursos tecnológicos e sofisticados, como os atendimentos de emergência e os hospitaisespecializados. A atenção secundária, por sua vez, é baseada nos atendimentos de média complexidade, que não necessitam de ampla tecnologia, mas que precisam de um certo grau de especialização, como uma consulta ortopédica não urgente. Por fim, a atenção primária é onde acontecem os atendimentos mais elementares, e que toda pessoa precisa.
A Atenção Primária à Saúde (APS) foi uma teoria criada na Europa, com o objetivo de diminuir custos e aumentar o acesso à saúde de uma população. É nela que se encontra o primeiro nível de contato entre o sistema e a comunidade. Nessa interação, acontece um conjunto de ações de saúde que tem como alvo a pessoa, seja ela portadora de alguma doença ou não, por exemplo: consultas médicas; investigação de doenças; vacinação; pré-natal; pequenos procedimentos e exames preventivos.
O Sistema Único de Saúde se estrutura a partir da APS, tentando abranger o cuidado, estrategicamente, para todas as comunidades do país. Os territórios são divididos em áreas atendidas por uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e suas equipes, formadas por enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes de saúde, dentistas e o médico de família.
Quem nunca passou na frente dos postinhos ou UBSs? Aqueles serviços de saúde onde passamos em consulta, tomamos vacinas, medimos a pressão e pegamos receitas de medicamentos. O local que buscamos quando sentimos algum sintoma e precisamos de atendimento médico. Pois é, todos nós já tivemos contato com a APS em algum momento de nossas vidas!
QUAL A IMPORTÂNCIA DA APS?
Na atenção primária, encontramos duas estratégias que, juntas, diminuem o custo da assistência prestada pelo SUS.
A primeira estratégia é o rastreamento de doenças, cujo diagnóstico e tratamento precoces viabilizam melhores condições de vida ao paciente, além de diminuírem os custos do sistema de saúde, já que procedimentos mais complicados, geralmente necessários nos estágios mais tardios da doença, são evitados.
A segunda é a ampliação e otimização do acesso à saúde, uma vez que a divisão dos territórios permite às pessoas de cada comunidade o uso do sistema sem que haja longas filas de espera ou deslocamento desnecessário para grandes centros de saúde. Além disso, essa estratégia é importante para diminuir o risco de colapso em grandes hospitais, já que grande parte dos problemas podem ser resolvidos com uma boa consulta com omédico de família.
COMO A APS BENEFICIA A COMUNIDADE?
Agora que já discutimos a importância da APS para uma melhor distribuição de recursos de saúde e para o uso mais eficiente do orçamento, é importante também debater quais são os benefícios para a população.
Uma vez que as UBSs e os postos de saúde estão mais próximos das pessoas, o sistema de saúde consegue ter mais contato com as reais necessidades de cada comunidade. Assim, a equipe de saúde pode concentrar seu atendimento nos principais problemas daquele território. Por exemplo: se a doença mais comum em uma comunidade é a pressão alta, a equipe pode traçar estratégias que minimizem o efeito da hipertensão na população, fazendo mutirões para aferir a pressão das pessoas, conscientizando a comunidade sobre o uso exagerado de sal e incentivando a prática de atividade física.
Outro benefício trazido pela APS é a presença e atuação dos médicos de família. Essa especialidade médica tem como objetivo acompanhar as famílias da comunidade e atendê-las de forma única e individual, compreendendo os problemas de saúde de cada membro da família, e gerando um laço de confiança e afeto que possibilitará um atendimento mais preciso e certeiro. Muitas dessas famílias podem inclusive ter problemas que não estão diretamente relacionados à medicina; ainda assim, esse profissional poderá ajudá-las a encontrar outros tipos de ajuda.
O Brasil é um país de extensões continentais, e cada comunidade apresenta suas características e peculiaridades, por isso é necessário que o sistema de saúde seja amplo e tenha acesso fácil para todas as diversidades que convivem em nosso território. Com a APS, conseguimos ampliar os serviços de saúde e diminuímos o seu custo, beneficiando um número muito maior de pessoas. Vamos apoiar o SUS e seu enorme potencial de cuidado!
Segundo a fundação pública federal Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) consiste no direito da população ao acesso permanente e regular a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem prejudicar o alcance a outras necessidades essenciais. Já a insegurança alimentar (IA) corresponde ao não acesso da população a tais direitos – ou seja, quando a SAN não é integralmente garantida. Nesse caso, a pessoa não sabe quando será sua próxima refeição, ou não consegue garantir que seus alimentos serão adequados em quantidade ou qualidade, de forma que sua nutrição e seu bem-estar ficam comprometidos.